Caminho por entre as ruas olhando esta gente que passa pela vida sem tirar os olhos do chão.
Lá ao fundo passa um idoso curvado pelo peso da idade, conta as moedas na carteira para ver se chega para mais uma refeição.
Atrás de mim ficou uma mulher da vida, encostada numa esquina, fitando desdenhosa mais um carro que passa e abranda.
Oiço ao longe os gritos de um homem bêbado, que puxa e empurra a esposa, o muro entre ele e mais um copo de vinho.
Deitado no chão está aninhado um jovem, que me esticada a mão a pedir um cigarro ou uma ajuda para conseguir a próxima dose.
Aqui ao lado um cão esfomeado e esquelético é pontapeado, desviado para longe da esplanada do bar, fica mal o turista ver tal animal.
É no meio deste cenário soturno que solto a risada insana e excessiva de quem toma consciência da trágica realidade que é esta de se ser humano.
Estamos rodeados de miséria, alguns de nós somos a própria miséria humana.
Degradados, consumidos, alienados, desfigurados...
Por motivos que nos são alheios ou por escolhas insensatas.
Seres moribundos consolados apenas pelo ar que enche os pulmões.
Dєiα ツ
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