Minha mãe perguntou-me porque nunca mais escrevi, não soube bem responder o porquê!
Escrevo... escrevia porque tinha palavras cravadas na garganta, gritos mudos, como cantam os Xutos!
Por entre palavras exorcizava os pensamentos, as frases saiam como gotas de chuva durante uma tempestade.
Atrapalhavam-se, atrapalhavam-me, tropeçavam por entre os meus dedos, chocavam com o teclado.
Muitas vezes quando leio o que escrevi não reconheço a minha letra, só reconheço o sentimento.
Vou sempre reconhecer o sentimento.
Deixei de escrever porque perdi algo, ou se calhar porque achei.
Deixei de escrever porque palavras são apenas palavras, nada mais.
Deixei de escrever porque nada mais há a dizer...
Há sempre algo a escrever, a acrescentar...
Há sempre algo a exorcizar.
As palavras de tanto ditas e apontadas, repisadas e calcadas, perdem a seu significado, tornam-se apenas sons que reconheço o seu significado.
E eu não quero apenas sons!
Quero palavras com a força de morteiros.
Quero palavras com sentimento.
Eu não deixei de escrever!
Adormeci as palavras!
Deixei-as a repousar!
Dєiα ツ
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